oi, oi!
queria começar essa cartinha dizendo:
eu falho nas metas que crio.
não sei se isso acontece contigo mas, se acontece, esse email é para você.
eu sou bem exigente comigo e tenho melhorado.
até então, eu era uma maquininha de burnout (ficar esgotado ao ponto de ficar doente por isso).
estou quatro anos fazendo acompanhamento constante e cuidando da minha saúde mental e acho que esse é o melhor momento para compartilhar meus principais aprendizados.
leia, reflita e leve pra casa se fizer sentido:
tudo começa pela sua história
se você fica ansioso ao olhar o extrato bancário, precisa contar o dinheiro para o mês que vem - ou até mesmo da semana que vem - preciso de dizer: você não está sozinho.
essa situação é o ponto de partida de muita gente no Brasil e foi o meu (para muitos é até pior).
quando estamos em um estado vulnerável - herdado de um contexto cultural e social - é mais fácil sermos seduzidos por trabalhos e metas que estão disponível no mercado para dar conta de pagar os boletos, prometendo um salto financeiro rápido.
é inevitável não cair em uma relação tóxica de trabalho, principalmente no início da carreira ou nos primeiros passos como criador.
não existe mentalidade de abundância, livro de como se tornar um milionário, pai rico e pai pobre ou guru que nos tire desse contexto.
eu li esse tipo de livro quando era mais novo (21 anos) com a esperança que mudasse a minha situação e posso te dizer que não funcionou para mim
cada pessoa possui a própria história e ela pesa muito na hora de botar na rua.
infelizmente, a gente tem que aprender a jogar o jogo da vida com o que a gente tem.
roubar a meta e a vida de quem você admira pode ser uma cilada, botinha
te escrevo para compartilhar que eu, constantemente, olhava para as minhas referências com muita admiração - uma admiração cega - que fazia me sentir capaz de alcançar o mesmo nível de uma pessoa com condições de partida completamente diferentes.
isso me dava uma motivada monstra, me deixava extremamente produtivo e com fogo no rabo.
mas era temporário, logo a conta chegava.
o meu estômago se preenchia de ácido gástrico, me sentia ofegante, as mãos formigavam e me questionava:
será que meu trabalho vale tudo isso mesmo?
como posso ser útil para essa pessoa se ela é melhor que eu?
por que aquela pessoa consegue fazer e eu não?
olha! aquele cara faturou 100 mil reais em 1 dia, por que eu não dou conta?
na hora de planejar, a ilusão toma conta quando buscamos apenas referências no mercado que não combinam com a gente.
definimos metas estratosféricas, comparando o nosso ponto de partida com o ponto de chegada do outro, selecionadas a dedo para compartilhar nas redes sociais, sem levar em conta a jornada invisível do outro.
quando pegamos essas metas e efetivamente decidimos botar na rua, a ansiedade aparece, a distância entre o previsto e o realizado assusta, a gente entende que a estrada é bem mais longa e complexa e despejamos um caminhão de culpa sobre as nossas cabeças.
como não procrastinar quando as suas referências e pessoas ao redor não se empatizam com a sua história?
planejar bem é ser sincero com a sua história, sua disponibilidade e o que te faz bem para você, porque ninguém tem as mesmas 24 horas do mesmo jeito.
leve a sua história para o planejamento e cresça devagar, devagar, devagarinho.
antes de planejar algo eu reflito em 3 etapas:
já fiz isso antes? se fiz, qual foi o resultado? se não fiz, tem alguém com uma história semelhante a minha para eu conversar e entender o desafio?
se você já tem algum resultado: planeje um crescimento de até 30% no ano. mais que isso - no marketing - começa a pesar.
se você nunca fez: seja curioso e converse com pelo menos umas 3 pessoas diferentes, com contextos similares ao seu, para entender melhor o cenário. seja educado, mas não tenha vergonha de falar sobre grana. é muito importante a gente sair dos posts de redes sociais e ver a realidade neste momento.
avalie a dificuldade e não se cobre se estiver muito distante da sua realidade. se for difícil, vai levar mais tempo.
não coloque metas absurdas, elas vão te desmotivar no caminho. é chato, mas prefiro trabalhar com a realidade no planejamento. primeiro a viabilidade da sua vida e do seu projeto, depois dá para ir crescendo os sonhos junto com o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
esse trabalho vai dar conta de pagar as minhas contas? quanto custa a minha vida e quanto tempo tenho para fazer dar certo? consigo fazer em paralelo para ganhar dinheiro com o “trabalho chato” e migrar aos pouquinhos?
faça os ajustes necessários aqui para você não ser surpreendido no futuro.como vou fazer essa jornada ser mais divertida para mim? (essa última é mais possível no contexto dos autônomos).
crie tarefas que:vão te ajudar a pagar as contas.
são legais de fazer (legal não significa fácil, significa escolher um desafio que te anime).
fazem você se sentir competente para realizar.
na vida autônoma você já vai ter vários desafios e surpresas para lidar, não seja a pessoa que vai criar mais desafios além dos que já existem.
definindo metas com objetivo
juro que essa parte é mais fácil.
para cada ideia que você quer botar na rua sugiro organizar neste seguinte formato:
Se eu fizer [coloque sua ideia aqui]
até o dia [coloque um prazo aqui]
eu vou ter o resultado [coloque o resultado esperado da ação aqui]
porque me sinto [muito/pouco]
confiante com essa ideia.
abaixo dessa meta com objetivo, descreva uma listinha de coisas que você precisa fazer para botar na rua.
isso é o suficiente para começar.
fazer o planejamento neste formato facilita a visualização, dá menos trabalho e não é menos funcional. na realidade, é até mais fácil acompanhar as suas ideias desta forma.
se você já se considera um bom planejador, faz do seu jeito :)
espero que não seja um balde de água fria, mas é como eu planejo - e isso me faz bem.
eu sei que fui meio contrário as dicas: tenha um sonho grande e blá blá blá.
geralmente, quando trabalhei nesse formato com empresas sem verificar esses pontos que te falei, o time acabou cansado, desmotivado e trabalhando demais sem ver o resultado.
ser modesto contigo no planejamento ajuda muito a botar na rua e evitar a procrastinação.
muitas vezes a gente procrastina com motivo.
um 2023 mais leve para você.
Lucas Morello
Amei a carta!
Queria deixar um livro sobre dinheiros (que não é toxico ou irrealista) e que me ajudou muito na minha relação com ele: Happy Money do autor Ken Honda.
Super recomendo, uma leitura leve e que traz paz no coração (e no bolso)
Que timing perfeito! Já estava aqui "overplanning" (como de costume) só pra me frustrar logo ali na frente. Obrigada por não ser mais do mesmo, Lucas! Feliz ano pra você!